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Natureza, ciência e tecnologia. Startup impulsiona o desenvolvimento de mulheres

Através da meliponicultura, as sócias da Heborá, Juliana e Mariana Feres, Elaine Cunha e Thais Guaratini criam comunidades para manejo de abelhas cujo própolis, mel e cera servem de base para produtos naturais.

 

Um empreendimento feminino em todos os sentidos. Em 2020, as cientistas buscavam parcerias para encontrar o crescimento de seus pequenos negócios e encontraram um ambiente perfeito, com foco na qualificação de mulheres do campo pela produção e processamento de mel, própolis e cera de Abelhas Nativas, uma startup com potencial de transformar o meio ambiente e a vida de dezenas de mulheres.

Comprometidas com a qualificação da mão-de-obra feminina do campo através de mel, própolis e cera de Abelhas Nativas (Meliponicultura) e usando a transferência de tecnologia para a fabricação de produtos cosméticos e alimentares de excelência e pioneiros no uso dessa biodiversidade brasileira, Juliana, Mariana, Elaine e Thais estão, utilizando o conhecimento acadêmico adquirido nos mais de 20 anos de estudos em Universidades nacionais e fora do país, aliando ciência e tecnologia para resgatar uma atividade econômica ambientalmente importante e transformar em produtos de altíssima qualidade.

 

“Somos como colmeias, queremos formar uma grande rede de colaboradoras para disseminar saúde, inovação, diversidade e conhecimento por meio de abelhas do Brasil. Queremos mostrar que a meliponicultura estimula a formação de novas populações de abelhas e contribui para a regeneração do meio ambiente, ajudando na saúde de dentro e de fora”, afirma Juliana Feres, mentora da Heborá.

 

Alinhada aos objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, a Heborá busca diminuir a pobreza no campo, ampliar a população de polinizadores, impactando na produção de alimentos e gerando renda através de processos sustentáveis.

 

Com investimentos próprios, a empresa acaba de instalar sua fábrica no centro de negócios do SUPERA Parque, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A Heborá conta atualmente com oito colaboradoras e comercializa mel de oito espécies nativas para alta gastronomia, própolis em extrato e spray, e tem uma linha de dermocosméticos prestes a ser lançada.  Mais de 20 famílias já foram ou são impactadas pela empresa e hoje fornecem matéria prima proveniente do manejo das abelhas para a produção de méis e própolis da empresa. Como uma start-up, a Heborá busca alavancar seu faturamento agora com o lançamento dos cosméticos tecnológicos que vêm sendo desenvolvidos há alguns anos.

 

Como surgiu a Heborá?

A ideia da Heborá surgiu de uma necessidade pessoal da bióloga Juliana Feres, que ao finalizar o seu doutorado em meio ao nascimento do primeiro filho, o Francisco, encontrou dificuldades de reinserção no mercado de trabalho, mesmo após uma longa jornada de estudos voltados ao tema conservação ambiental. Neste meio tempo seu filho teve vários problemas de amigdalite, uma doença infecciosa que atinge estes órgãos de defesa contra infecções que ficam no fundo da garganta.

 

Pesquisando produtos naturais que tivessem ação bactericida natural, com base científica, para complementar o tratamento sugerido pelos médicos, Juliana encontrou os méis de abelhas sem ferrão. Segundo ela foi uma grande surpresa, pois tinha trabalhado a vida inteira com polinização e nunca tinha aberto um ninho de abelha sem ferrão e até mesmo sequer provado o mel.

 

“Meu avô tinha uma Jataí, que é uma espécie de abelha sem ferrão, e eu fui avaliar, estudar este mel e criar as abelhas pensando no Francisco”, conta Feres. “Meu filho se recuperou com a combinação dos tratamentos, não precisou passar pela cirurgia e o meu trabalho com abelhas sem ferrão foi paixão à primeira vista. Mas eu queria ir além, inovar com mais produtos e passar este conhecimento para outras mulheres por meio de um negócio de impacto”, explica.

 

Assim, em 2015 nascia a Heborá, um empreendimento feminino e materno, sustentado pela crença no desenvolvimento tecnológico conservando e cuidando da floresta, e na  qualificação de mulheres do campo pela produção de mel, própolis e cera de Abelhas Nativas.

 

Abelhas brasileiras

No nosso país existem mais de 300 espécies dessas abelhas, distribuídas nas diversas regiões e formações florestais. São consideradas polinizadoras-chave para a manutenção de várias espécies vegetais nesses ecossistemas, além de produzirem méis e resinas de altíssima qualidade. Dentre as espécies mais conhecidas, destacamos as jataís, mandaçaias, irapuás/arapuás, uruçus, marmeladas e plebeias.

 

Não são necessários equipamentos de proteção e nem fumaça para o manejo. Essas espécies podem ser criadas próximas de residências, inclusive em áreas urbanas. Muita gente possui algumas caixas nos jardins de casa e até sacadas de apartamentos. A meliponicultura está em expansão no Brasil. A criação racional de abelhas sem ferrão é uma alternativa de geração de renda. De fácil manejo, cada vez mais novos produtores despertam o interesse em trabalhar com essas abelhinhas.

 

Os motivos são muitos e vão desde a produção de mel, delicioso e muito utilizado para fins terapêuticos, produção de própolis, pólen e cera, multiplicação e venda de colônias até para fins de educação ambiental ou, simplesmente, passatempo ou paixão.

 

Conquistas e desafios

Desde o início de 2022, a Heborá já comemora novas conquistas. Passou a contar com uma fábrica de cosméticos, em fase de regularização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Ribeirão Preto-SP, e parcerias com entrepostos para beneficiamento do mel e própolis de abelhas nativas, além de pesquisas acadêmicas desenvolvidas junto a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, para ampliar o potencial do uso do mel e do própolis provenientes da  biodiversidade brasileira.

 

Mas os desafios também crescem. Para seguir alavancando e contribuindo com mais famílias, a Heborá precisa de:

 

●    Investimento: obtenção de aporte financeiro para que seja possível gerar ainda mais escala para as linhas de produtos Heborá, com a obtenção das devidas regularizações;

●    Pesquisa e desenvolvimento: desenvolvimento de novos produtos absorvidos de muita ciência e inovação, utilizando esta matéria prima maravilhosa, da biodiversidade brasileira;

●    Emprego e renda:  agregar ainda mais valor para toda cadeia envolvida, aumentando a rede de mulheres que trabalham com a Heborá, gerando mais renda para as famílias agricultoras, em comunidades com vulnerabilidade social;

●    Meio ambiente: contribuir ainda mais com a preservação do meio ambiente em áreas que necessitam ser conservadas e regeneradas;

●    Estruturação comercial: desenvolver estratégias de apresentação desses produtos em prateleiras, promovendo interesse de compra associado à educação, mostrando todo o valor agregado, além dos seus benefícios de impacto ambiental e social o que permite uma experiência que vai além do consumo;

●    Inovação e tecnologia: implementar um processo de rastreabilidade dos produtos que ampliará a sua escalabilidade e confiabilidade no Brasil e no exterior

 

Sobre as fundadoras

Juliana Feres é sócia fundadora da empresa (2015), que iniciou como um empreendimento individual (MEI). Logo em seguida, sua irmã Mariana Feres, assumiu a gestão financeira e de recursos da empresa para ajudá-la.

A comercialização dos produtos da Heborá era realizada em feiras de artesanato, produtos naturais e alta gastronomia, a grande maioria na cidade de São Paulo  (destaque para os eventos “Da Terra ao Prato”, “Prazeres da Mesa”, “Jardim secreto” e Instituto ATÁ), conquistando um público interessado nos produtos das abelhas nativas.

 

A partir dessa experiência inicial, que novas perspectivas sobre produtos derivados da biodiversidade de abelhas nativas brasileiras surgiram. Assim, sempre guiadas pela ciência, as empreendedoras buscaram aprofundar a pesquisa sobre estes insumos, para entender sua composição química, padronização e garantia de reprodutibilidade, qualidade e segurança. Neste momento (2020), as empresárias Juliana e Mariana uniram-se às empreendedoras Thais e Elaine, que são sócias e dirigem a Lychnoflora, uma empresa de ciência e tecnologia voltada ao mercado farmacêutiuco, transformando então a Heborá em uma sociedade limitada.

 

A união teve o objetivo de profissionalizar a produção e comercialização dos méis, própolis e cera e fortalecer o desenvolvimento de novos produtos utilizando estas matérias-primas também para produção e comercialização.

Thais Guaratini é cientista e farmacêutica, ganhou o prêmio Mulheres Brasileiras na Química 2022, na categoria Líder Industrial. A premiação é uma iniciativa nascida nos laboratórios da USP em Ribeirão Preto; e organizada pela American Chemical Society (ACS) e Sociedade Brasileira de Química (SBQ), com o intuito de promover a igualdade de gênero na ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de reconhecer mulheres cientistas com contribuições relevantes no âmbito da química e ciências relacionadas.

Elaine Cunha é farmacêutica e administradora. Com sua experiência profissional em desenvolvimento de produtos, gestão e qualidade, completa a equipe das sócias à frente da fábrica de cosméticos.

 

Com informações da equipe de Relações Públicas da Heborá.