Se você pensa em construir uma Startup ou está começando a jornada do empreendedorismo, provavelmente já passou por noites sem dormir pensando em uma super ideia de negócios, tentando achar aquele produto ou serviço que nunca ninguém pensou. Tudo para acordar no dia seguinte sem uma conclusão.
Mas tenho uma boa notícia para você. Ter ideias de negócios inovadores é mais simples do que você imagina (eu disse simples, não fácil). Fica conosco que vamos te mostrar como ter ideias de negócios inovadores para começar sua Startup.
Quais são as dificuldades em realizar as tarefas do dia a dia?
Todos nós temos tarefas a serem cumpridas diariamente. Desde as mais básicas, como nos alimentar, até uma tarefa complexa no trabalho.
Para realizar estas tarefas contamos com produtos e serviços que nos ajudam a realizá-las e tornam nossa vida melhor.
Por exemplo, precisamos cuidar da nossa saúde bucal para evitar o aparecimento de cáries e outros problemas. Para nos ajudar nesta tarefa, existem as escovas de dentes e fio dental, que os dentistas sugerem que sejam utilizados após cada refeição.
Agora vamos pensar no processo de escovar os dentes e passar fio dental em crianças pequenas. Quem é pai, como eu, já deve ter passado pelo desafio de convencer seus filhos a realizar esta rotina.
Vou descrever a minha experiência. Meu filho simplesmente não gosta de passar fio dental e escovar os dentes. Primeiro eu tenho que passar o fio dental para ele pois não desenvolveram essa habilidade ainda. Pense na minha mão de adulto tentando alcançar os dentes do fundo na boca pequena dos meus filhos. É bem desajeitado. Depois vem a escovação onde ele não tem muita paciência para esperar o processo completo. Resultado: todos os dias é uma dificuldade em convencê-lo a começar o processo e toda a experiência é horrível (normalmente resulta em algum conflito).
Será que não poderíamos pensar em alguma solução para ajudar pais que precisam evitar cáries nos filhos que não envolva o tradicional fio dental, escovação e pasta de dentes?
Ainda não conheço nenhuma alternativa, mas certamente me interessaria muito comprar algo que facilitasse essa minha tarefa.
Descrevi esse exemplo para demonstrar o que, para mim, é o caminho mais simples para se ter ideias de soluções inovadoras: resolver as dificuldades ou necessidades não atendidas pelos produtos atuais.
Voltando ao exemplo, se você me entregar algum produto que faça o processo de evitar cáries no meu filho ser menos desgastante e difícil do que é com a escova e o fio dental, certamente irei comprá-lo.
O mesmo racional funciona para qualquer perfil de clientes em qualquer mercado:
● As pessoas possuem tarefas a serem resolvidas (funcionais, pessoais ou sociais)
● Contratam produtos ou serviços para ajudá-los a cumprir estas tarefas
● Os produtos não atendem todas as necessidades ou desejos deste perfil de clientes
● Você desenvolve um produto ou serviço que atenda à estas necessidade e desejos
● O cliente passa a escolher o seu produto ou serviço em detrimento dos atuais
Esta forma de pensar foi estruturada e popularizada pelo Prof. Clayton Christensen (da Harvard Business School) com o conceito “Jobs to be Done” que demonstra que os clientes buscam os produtos ou serviços que mais ajudam a completar as tarefas que precisam realizar.
O grande desafio: descobrir as tarefas
Por mais lógico e simples que pareça, descobrir quais são as tarefas (jobs) para as quais seus clientes estão buscando alternativas é um grande desafio do empreendedor nesta fase de ideação.
No exemplo mencionado acima, facilmente poderíamos pensar que a tarefa que os pais buscam realizar seria “escovar os dentes dos filhos”, quando no fundo o que os pais precisam resolver é “evitar cáries nas crianças”.
Essa pequena alteração na descrição da tarefa pode fazer toda a diferença no desenvolvimento da solução. Ao invés de buscarmos inventar escovas de dentes melhores para o job “escovar os dentes dos filhos”, que tal reinventar todo o processo de higiene bucal para “evitar o aparecimento de cáries em crianças”?
Então, como podemos identificar melhor as tarefas?
Uma vez delimitado o público que você pretende trabalhar, existem alguns passos que podem ajudá-lo a identificar melhor as tarefas:
1) Identifique a tarefa como um objetivo a ser alcançado
Você já deve ter ouvido falar: “não queremos um furo na parede, queremos o quadro pendurado!”. Essa é a lógica de uma boa descrição de tarefas. Pense qual o objetivo final que o cliente deseja e faça a descrição dele.
Exemplos de job: “Manter o chão da residência limpo”, “Guardar meu dinheiro em segurança” (Conta corrente de Bancos), “Impressionar amigos com minhas fotos” (filtros Instagram)
2) Entenda todas as opções que o cliente possui hoje
Mapeie tudo o que o cliente pode utilizar para cumprir a tarefa, mesmo que seja uma solução “caseira”. Tenha certeza de que se existe uma tarefa, alguma solução é utilizada.
Para “manter o chão da residência limpo” (job) podemos ter um robô de limpeza mas também utilizar uma simples vassoura e pá, onde o cliente varre o chão. Ambos resolvem o mesmo Job mas de maneiras diferentes.
3) Verifique as dificuldades e necessidades não atendidas
Não existe solução perfeita e sempre teremos dificuldades ou desejos de melhoria nos produtos e serviços que usamos hoje. Identifique quais são estas “dores” atuais para cada uma das soluções que você identificou.
As dores para “manter o chão da residência limpo” utilizando um robô de limpeza podem ser: “o robô é lento para varrer a casa”, “a duração da bateria do meu robô é muito curta”, “ele é bom para pó, mas não resolve a limpeza do xixi do meu cachorro, deixando um cheiro horrível” entre outros.
4) Separe as “dores” mais relevantes e menos atendidas
Normalmente identificamos uma série de dificuldades e desejos nos produtos atuais. Tente colocar em ordem de importância e grau de satisfação as dores mapeadas e comece a desenvolver sua solução por aquelas mais relevantes para atingir o cumprimento das tarefas.
Exemplo: Identificamos que de todas as dores para “manter o chão da residência limpo” com um robô de limpeza, as que os clientes têm maior dificuldade em resolver e que mais incomodam é “limpar as necessidades do animal de estimação, sem deixar cheiro no local”.
Neste caso, a ideia inovadora seria um robô de limpeza automático que resolva a tarefa de manter o chão da residência limpo, limpando perfeitamente as necessidades do seu animal de estimação.
Próximos passos para colocar minha ideia em prática
Passando por estes quatro passos provavelmente você terá uma clareza muito maior de quais as dores atuais relacionadas às tarefas a serem realizadas pelos clientes valem a pena perseguir e resolver. Mas perceba que tudo o que fizemos até aqui não passa de hipóteses da nossa cabeça.
Nós achamos que um segmento de clientes possuem uma tarefa com dores que merecem ser resolvidas com uma solução, mas temos que nos lembrar que estamos desenvolvendo soluções para pessoas que provavelmente não pensam e sentem igual a nós, que vivem em realidades diferentes da nossa e possuem padrões mentais distintos.
Por isso, só existe uma forma de descobrir a realidade: ouvir daquelas que supostamente irão abrir a carteira para comprar seu produto no futuro.
Como diria o Prof. Steve Blank: “nenhum plano de negócios sobrevive ao primeiro contato com o cliente”. Então a lógica aqui é começar ouvindo diretamente do público alvo quais são suas tarefas, dores e desejos não atendidos.
Existe toda uma metodologia para validar ideias com clientes (busque por Design Thinking, Customer Development e Lean Startup), mas não precisa complicar muito neste início.
Comece hoje mesmo, separando pessoas que tenham o perfil desejado e vá conversar com eles, pedindo para que te contem uma história de como ele realiza as tarefas que você quer estudar, o que usam no seu dia a dia e quais as dificuldades que encontram.
Certamente este exercício te trará muito mais clareza sobre como ter ideias de negócios inovadores para começar sua Startup e espero que contribua para iniciar sua jornada empreendedora!
Este artigo foi escrito por Rodrigo Caldeira Ramos*
*administrador de empresas, empreendedor, mentor, consultor e atualmente responsável pelo acompanhamento de Startups na Supera Incubadora.
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