APLs: o que são e por quê fazer parte torna a empresa mais competitiva?

Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado. Esse sábio provérbio africano traduz muito sobre o que é um Arranjo Produtivo Local (APL). O termo, muitas vezes usado como sinônimo de Cluster, tem na cooperação entre atores (empresas, entidades setoriais, órgãos públicos, dentre outros) um dos fatores-chave. Confira aqui o que são os APLS e por quê fazer parte de um é fator de competitividade nos negócios.

 

O QUE É UM APL?

O Ministério da Economia do Brasil define APL como:
Aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

 

Para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, um Arranjo Produtivo Local (APL) caracteriza-se por:
– ser um conjunto de agentes de natureza diversa, que participam nas tarefas principais de uma aglomeração produtiva;
– por incluir empresas produtoras de um produto ou serviço de um setor específico e fornecedoras, centros de pesquisa, agentes do governo, instituições do terceiro setor, universidades e demais entidades privadas ou públicas;
– por ter uma governança e evidenciar relações de cooperação, trocas e aprendizado constantes em um determinado território;
– por ocorrer em um recorte do espaço geográfico constituído pelo agrupamento de agentes de interesses que consolidam uma identidade coletiva e;
– demonstrar a capacidade de promover o desenvolvimento local, estabelecendo parcerias e compromissos para manter e especializar os investimentos de cada um dos agentes no arranjo e seu entorno.

As definições acima são importantes, pois são os governos, estadual e federal, os responsáveis por reconhecer a existência de um Arranjo Produtivo Local. De maneira sintética, para que haja esse reconhecimento, é preciso que em uma determinada região haja concentração de empresas de um dado setor econômico, cooperação entre as empresas (e delas com instituições de classe, de ensino e órgãos governamentais) e uma governança estabelecida, ou seja, espaços e momentos nos quais os atores interagem para buscar o desenvolvimento do setor.

POR QUE OS GOVERNOS RECONHECEM APLS?

O Estado é um indutor econômico. Em maior ou menor grau, a depender da corrente ideológica do governo, o Estado atua para criar condições favoráveis ao desenvolvimento da economia ou, ao menos, para dirimir seus entraves. Isso passa por criar centros de pesquisa, por capacitar mão-de-obra especializada, por criar condições para escoamento eficiente da produção, por contribuir na promoção dos produtos e serviços…

Mais efetivas serão as políticas de desenvolvimento econômico, quanto mais fértil for o terreno no qual elas sejam implantadas. Haverá sinergia! Este é o motivo pelo qual os governos reconhecem APLs. Ao fazê-lo, estarão identificando e selecionando as regiões e os setores econômicos alvo de suas ações de apoio. Se uma região conta, por exemplo, com grande número de empresas de saúde, se há ali faculdades que abastecem o mercado de trabalho com profissionais qualificados, se surgem dos laboratórios e centros de pesquisa das universidades startups com novas tecnologias em saúde, se empresas e entidades de apoio têm mapeados os gargalos ao desenvolvimento do setor, este é o local ideal para criação, por parte do Estado, de laboratórios para testes e certificação de produtos em saúde.

 

VANTAGENS AO INTEGRAR UM APL?

Além da possibilidade de contar com políticas públicas que contribuirão para o desenvolvimento do setor naquela região, fazer parte de um Arranjo Produtivo Local pode resultar em diversos outros benefícios diretos e indiretos à empresa:

Compartilhamento de Recursos: pequenas empresas, com limitada capacidade de investimento, têm “vizinhos”, com quem podem dividir maquinários, estruturas administrativas e canais de distribuições;

Marca Coletiva: o reconhecimento de um APL gera mídia e a região ganha força como destino de compras e negócios daquele segmento econômico; o ganho pode ser maior se empresas e entidades unirem-se para promover uma marca coletiva; a depender do setor (alimentos e bebidas, sobretudo) criam-se condições para registro de indicação geográfica;

Acesso a Capacitações e Tecnologias: eventos diversos, promovidos por entidades setoriais, órgãos públicos ou instituições de ensino da região, proporcionam acesso a treinamentos e às principais tendências tecnológicas do setor; treinamentos também podem ser realizados conjuntamente pelas empresas com divisão de custos;

Conhecimento Tácito: a tradição daquele setor, a troca de experiências entre empresários, a interação com entidades de apoio, os encontros entre colaboradores, pesquisadores, professores, fazem surgir naquela região um conhecimento tácito, não expresso em palavras ou formulações, mas por muitos usufruído e compartilhado.

Reputação e Poder: demandas coletivas, para solução de gargalos aos negócios, ganham coro em um Arranjo Produtivo Local; mesmo grandes empresas beneficiam-se de reputação e poder de negociação quando as reclamações não são vistas como individuais, mas como de todo um setor.

 

COMO FAZER UM APL?

Se sua empresa está sediada em uma região na qual é reconhecido um APL do setor econômico em que ela atua, você já faz parte do Arranjo Produtivo Local. Se o Estado cria uma Faculdade pública que forma mão-de-obra para o seu setor, você já está se beneficiando do Arranjo Produtivo Local. Se, em virtude do APL, a Prefeitura entendeu que aquele setor é grande empregador do município e, por isso, reduziu a alíquota de ISS, você já está se beneficiando do APL.

Isso não significa, porém, que você usufrui de todos os benefícios que o APL pode proporcionar. Se você não troca experiência com outras empresas, se você não está em treinamentos coletivos, se você não participa de ações de promoção do setor, você está desperdiçando oportunidades de tornar sua empresa mais competitiva. Os benefícios serão maiores quanto mais você interagir com quem faz parte do APL. Busque saber quem é a entidade gestora do APL e associe-se. Busque também os serviços oferecidos pelos demais atores de governança.

Por exemplo, o SUPERA Parque, de Ribeirão Preto, é entidade de governança de três APLs regionais: Saúde, Software e Cervejas Artesanais. Além de promover capacitações, o Parque Tecnológico disponibiliza às suas empresas diversos serviços gratuitos, como o apoio à escrita de projetos de desenvolvimento tecnológico e orientações sobre propriedade intelectual. Saiba mais em: http://superaparque.com.br/apl/

 

Radiografia dos APLs no Brasil

No Brasil, existem 839 arranjos produtivos locais (APLs) que estão presentes em 2.580 municípios brasileiros. Ao todo, geram mais de três milhões de empregos diretos em 40 diferentes setores produtivos, segundo dados* do Ministério da Economia.

 

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*Os dados são de 30 de maio de 2021.