Inovações tecnológicas ajudam no combate às mudanças climáticas

A ação humana é fator determinante do aumento da temperatura na terra, e aliado à tecnologia e a inovação, o indivíduo pode reverter os danos que ele mesmo vem causando

Cientificamente não restam dúvidas sobre a crise climática. Pesquisas mostram que desde 1800 a atividade humana tem sido fator causador das transformações a longo prazo nos padrões de temperatura do planeta. Uma das principais interferências é causada pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. A queima desses combustíveis gera emissões de gases de efeito estufa, como, por exemplo, o dióxido de carbono, emitido quando dirigimos um automóvel, e o metano, gerado em grande quantidade pela atividade de pecuária e por aterros sanitários por causa da decomposição da matéria orgânica. Os gases do efeito estufa agem como um cobertor em torno da Terra, retendo o calor do sol e aumentando a temperatura.

Segundo o Boletim sobre Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundialde 2023, as concentrações de dióxido de carbono estão 50% acima dos níveis da era pré-industrial, período que antecede a Revolução Industrial. A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO₂ foi há mais de 3 milhões de anos, quando a temperatura era 3°C mais quente. Completando essa informação, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que é a principal voz da ciência sobre o tema, no seu último relatório, lançado em 2023, advertiu que a temperatura global corre o risco de exceder a temperatura pré-industrial em 1,5°C já na próxima década, caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam reduzidas.

Os impactos das mudanças climáticas já são sentidos, e como todos os sistemas do planeta são interligados, as mudanças não significam apenas a alteração da temperatura, mas também impactam a saúde, a habitação e a segurança. Algumas consequências são inundações, escassez de água, declínio da biodiversidade, aumento do nível do mar, declínio da produtividade agrícola, por exemplo.

De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, devido as dimensões continentais do Brasil e da localização de parte considerável do território em região tropical, o país sofre os impactos da mudança climática de forma mais severa que o restante do globo. Tivemos recentemente alguns exemplos disso. Em outubro, a Amazônia, especialmente na região formada pelos Estados do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima, enfrentava uma severa estiagem. A razão estava em um aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico, além do já conhecido El Ninõ, que aquece as águas do Pacífico. Por causa da estiagem, milhares de localidades precisaram receber água por caminhão pipa para que as famílias tivessem o que beber. Mais recentemente, em novembro, muitos estados brasileiros ficaram sob alerta de “grande perigo” em decorrência do calor extremo.

Diante dessas emergências climáticas, o ser humano pode reverter o que ele mesmo vem causando. É preciso ter consciência de que se não mudarmos hábitos, se não cortarmos as emissões de gases do efeito estufa, outras medidas serão só paliativas ou de alcance limitado. Nenhuma tecnologia sozinha consegue consertar a situação, mas é inspirador dar voz a exemplos transformadores espalhados pelo Globo. Uma startup britânica, a Brilliant Planet, está cultivando, em taxas exponenciais, algas que absorvem o dióxido de carbono e emitem oxigênio por meio da fotossíntese. O processo de cultivo imita a proliferação natural delas, que é bem rápido, sendo que um tubo de ensaio de algas pode, em apenas 30 dias, se multiplicar para encher 77 piscinas olímpicas. As algas são extraídas da água, bombeadas para uma torre de 10 andares, que instalaram na África, e pulverizadas no ar do deserto para “sequestrar” o carbono. No Brasil, o Google firmou uma parceria com o Centro de Operações do Rio de Janeiro para identificar e medir, através de inteligência artificial e imagens aéreas, as fontes de emissões de gases poluentes na cidade. Essa ferramenta é semelhante às iniciativas de monitoramento inteligente, que permitem acompanhar áreas de risco, por exemplo, de encostas. Outra tecnologia contra a crise ambiental que vem se tornando escalável é a produção de fontes alternativas de proteína, especialmente porque a pecuária, a produção de carne, é uma das grandes fontes de produção de gases de efeito estufa.

Embora a mudança de hábitos seja necessária, muitas pessoas percebem as mudanças climáticas como um problema distante, e por isso não se engajam para reduzir e frear os impactos da crise do clima. Uma das formas de mobilizar a sociedade localmente é ampliando o debate, intensificando a conscientização, e encontros, como a COPLocal, são bem-vindos para isso. COP é a abreviação de Conferência das Partes, uma reunião anual da ONU em que líderes dos países discutem assuntos relacionados ao clima. Criou-se a COPLocal como uma forma de aproximar a discussão da população em geral, incentivando ações no âmbito privado e também a cobrança dos atores públicos.

Em dezembro do ano passado, o SUPERA Parque promoveu uma COPLocal. O encontro discutiu estratégias inovadoras usadas na agricultura para mitigação das mudanças climáticas, como o processamento de produtos de abelhas brasileiras sem ferrão e a análise de microbiota de solo para um tratamento preventivo com uso racional de fungicidas e bioinsumos no campo. Para conferir como foi o evento, visite https://www.instagram.com/p/C0_6LBIO9IW/?img_index=4.

Este conteúdo foi elaborado por Amanda Haikal, Social Media do SUPERA Parque